1994 - 1998: Xou do Xuxa, do Gustavo e da Companhia

Possivelmente, você, que tem de 25 a 35 anos, deve ter passado a infância com aquela loirinha de olhos claros brincando e cantando durante toda a manhã. O garoto catarinense já era um adolescente quando ela esteve no seu auge. Mas ele quis brincar de outra coisa: ser um nadador. E a semelhança de Fernando de Queiroz Scherer com Maria da Graça Meneghel fez com que os companheiros do 12 de Agosto - e depois o mundo inteiro - lhe começassem a chamar de Xuxa.

E foi como Xuxa que o garoto começava a aparecer nas piscinas do país. Ainda defendendo o 12 de Agosto, na piscina do Maracanã. Mesmo não tendo feito um tempo ao qual ele considerava ideal (51.43), confirmou o favoritismo nos 100 livre. Outros destaques foram Paula Renata Aguiar, do São José/Tecsat (50 livre) e, do Minas campeão, Rogério Romero (que batera o recorde sul-americano nos 100 costas) e as russas Nina Zhivanevskaya e Svilana Pozdeyeva, vencedoras nos nados costas e borboleta.

Nos últimos dias do ano seguinte - sim, se hoje a CBDA coloca o Open para perto do Natal, ela já colocou o Troféu Brasil para as vésperas do reveillon - mais um Troféu Brasil em São Paulo, desta vez no Parque São Jorge. A mais esperada prova foi a dos 100 livre, quando Xuxa, já defendendo as cores rubro-negras, coroou um ano espetacular, vencendo o amigo-rival Gustavo Borges, que o vencera no início daquele dezembro, dia do seu aniversário, no Mundial de Piscina Curta da Praia de Copacabana. Ambos ali carimbaram o passaporte para Atlanta, onde dariam show com a natação brasileira. Luiz Lima, do Fluminense, mostrava talento para as provas longas quebrando o recorde do campeonato nos 1500 livre: 15:32.85. Paula Renata voltava a ser destaque ao vencer nos 100 livre, e nos 200 costas, Roberta Perrone, do Mengo, vencia a já promissora e já recordista Fabíola Molina (esta é a primeira vez de tantas que a cito). Mas quem teve um Feliz Ano Novo, afinal, foi o Pinheiros, campeão pela quarta vez.

De 1996, não importaram os preparativos para Atlanta, não importou o título do Minas: no primeiro dia de competição, nadadoras, entre elas Paula e Fabíola, perderam a paciência com a CBDA. Com camisetas pretas protestando a falta de atenção e a não-obtenção dos índices pelos tempos absurdos, as garotas exigiam do Dr. Coaracy a atenção que elas sempre mereciam por resultados melhores. Como vocês verão nas próximas páginas, só agora elas conseguirão. Ah, nos 100 livre, de novo deu Xuxa. Já estava ficando chaaaato... (risos)

1997: Michelle Smith, irlandesa, foi o grande nome para tentar levar o Minas ao sétimo título em casa, evento este que veio como seletiva do Mundial de 1998, na Austrália. Entretanto, foi barrada pela espanhola Barbara Franco, esta do Pinheiros, e então namorada de Gustavo Borges, na prova que era sua especialidade, os 200 borboleta, e os 400 livre. Mas nos 200 livre, confirmou que não veio a passeio. Nem preciso dizer que o Xuxa mandou beijinho, beijinho e tchau, tchau na concorrência, dominando os 50 e 100 livre. A disputa entre Minas e Pinheiros só foi resolvida no último dia da jornada, quando o time da casa gritou campeão de novo (1805 x 1448), após dominar os revezas.

1998. Antes da disputa no Ibirapuera - a última antes deste ano, Xuxa e Borges já eram apontados como as maiores estrelas da jornada. Morando nos EUA, superando um recorde atrás do outro, eles eram o centro das atenções. E não deu outra: Borges levou os 200 livre (com recorde), enquanto Xuxa levou os 100 borboleta, 50 livre e os 100 livre (os dois últimos, em cima de Borges). Duas foram as revelações do evento: Marcelo Tomazini, do Pinheiros, quebrava recordes nos 200 peito e nos 400 livre, uma jovem corintiana de 15 anos começava seus passos rumo à glória. O nome da garota? Poliana Okimoto.

Também em 1998, o Brasil conhecia o charme, a beleza e a competência da holandesa Inge de Brujin, que veio para defender o Flamengo, e papou, com recordes de campeonato, os 100 borboleta e os 50 e 100 livre. Sozinha, ela fez 315 pontos e levou o Flamengo a 1633. Mas o Pinheiros de Borges, Tomazini e cia. fez 1709,5 e levantou sua quinta taça. Só que eles - e os outros estados - teriam de esperar mais um tempo para levantar o Troféu Brasil. O Vasco começava um projeto ousado. O Flamengo tinha Xuxa. Seria o início de uma espetacular disputa estadual pela glória maior da natação.

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