1973 - 1979: Botafogo campeoníssimo e surgem Djan e Rômulo

1973. O Brasil já era tricampeão mundial de futebol. Mas enfrentava uma ditadura militar agressiva, com torturas, censuras e coisas do tipo. Na natação, já não mais tínhamos os recordes de Manuel dos Santos e José Sylvio Fiolo. Mas a história do Troféu Brasil de Natação continuava, assim como o domínio do Botafogo. Naquele ano, o evento aconteceu no Ibirapuera e contou também com a participação especial da equipe olímpica do Canadá, convidada para o evento, comprovando a consolidação do Troféu Brasil. Naquele ano, Maria Elisa Guimarães bateu seu primeiro recorde pelo Flamengo, nos 400 livre. Jacqueline Ross também bateu o recorde sul-americano nos 100 borboleta pelo União (RS). Defendendo o Mogiano, José Luciano Namorado (o sobrenome dele é esse mesmo) surgia com recordes nos 200 e 400 livre. Mas José Sylvio Fiolo calou os que achavam que a fase boa dele já tinha acabado: recorde no 200 livre e vitória nos 100 livre. No fim de tudo, mais um título para o Botafogo.

1974, Salvador: o coach Roberto Pavel e Fiolo lideraram o Botafogo para o objetivo da posse definitiva do primeiro Troféu Brasil, o que foi conquistado com sucesso com 299,25 pontos. O Mogiano, de Namorado (o nadador), ficou com o vice-campeonato. De novo vencedor nos 100 peito, Fiolo foi o nome grandioso da competição. Flávia Nadalutti, do Fluminense, foi o destaque feminino do certame com o recorde nacional dos 400 medley. E Rômulo Arantes começava seu caminho rumo ao topo da natação nacional com recorde nos 100 costas.

1975. Novo troféu, novo regulamento. O evento, na piscina do Vasco, na pelo último ano capital da Guanabara, teve eliminatórias regionais (Sudeste, Sul, Norte, etc.) e passou a valer por mais vagas em mais torneios, como a Copa Latina, na Espanha, e o Mundial daquele ano, na Colômbia. O santista (“de santista não tenho nada, sou é carioca”) Djan Madruga (na foto de 1979), pelo Fluminense, disputava seu primeiro Troféu Brasil aos 16 anos, com recordes nos 200 borboleta e 1500 livre, enquanto Flávia Nadalutti, com o pé torcido, foi o desfalque. O título ficou com o Fluzão, e 24 recordes brasileiros e seis sul-americanos foram batidos. O grande nome, mais uma vez, foi o saudoso Rômulo Arantes, que não parava de bater recordes.

1976. Guanabara já não mais existia: agora o Rio de Janeiro era capital do estado homônimo. E o Troféu Brasil acontecia mais uma vez em Sampa, na mesma piscina deste ano, debaixo de chuva – por isso, poucos recordes. O problema é que a CBD marcou o evento para o mesmíssimo fim de semana do GP Brasil de F1 (em ano de forte rivalidade entre James Hunt e Niki Lauda, e com a estreia de Emerson na Copersucar), e pouca foi a cobertura da imprensa para o maior evento da natação brasileira. Mas, quem brilhou nos boxes do Ibirapuera era o Team Fluminense, que conquistou o bicampeonato. Destacamos as pilotos, ops, nadadoras Cristiane Paquelet, Cristina Bassani, Flávia Nadalutti e Patrícia Manes batendo recordes individuais e nos revezamentos da pista aquática. Já entre eles, Djan continuava sua saga de recordes. E Rosamaria Prado, aos 14 anos, colocava Andradina no mapa da natação. Na arquiba do Ibirapuera, um menino de 11 anos vibrava com os recordes e vitórias da irmã mais velha. O nome do garotinho? Ricardo. Dele falaremos mais tarde.

1977 começava caótico para a natação. Como não houve tempo hábil para confirmar as transferências de José Sylvio Fiolo (já na reta final da sua carreira) e Rosemary Ribeiro para o Flamengo, os dois não tiverem confirmadas suas inscrições. Ambos foram inscritos como Avulsos. E a piscina do Minas não apresentava condições suficientemente boas para uma competição de alta qualidade como o Troféu Brasil. Até por isso, esta edição foi considerada a pior da história, com brigas entre jornalistas e staff, muita tensão e pouquíssimos recordes. E terminava a hegemonia do Rio de Janeiro, porque, pela primeira vez de treze, o Pinheiros erguia a taça maior da natação brasileira, com a força de seus revezamentos.

1978. Curitiba foi a sede escolhida, mas, por manobras as quais jamais saberemos como aconteceram, o Troféu Brasil foi para a capital carioca pela quinta vez, na piscina do Fluminense. Rômulo Arantes e Djan Madruga, já morando e estudando em Indiana, vieram especialmente para a competição. E o Botafogo, outrora campeão, sequer mandou representantes. Além disso, José Sylvio Fiolo pendurava a touca e abria espaço para uma nova geração que começava a surgir. Maria Elisa Guimarães foi o nome feminino do Troféu: foi a primeira nadadora sul-americana a terminar os 100 livre abaixo de 1 minuto: 59.93 (já se contava o tempo em centésimos). E ainda bateu outro recorde nos 200 livre: 2:07.93. Mas não tirou o título do Fluminense (o, até hoje, último do tricolor carioca), com os inspirados Djan e Flávia vencendo suas provas e fazendo a alegria da torcida da casa.

Mogi das Cruzes foi a cidade escolhida para o último Troféu Brasil da década. Flávia Nadalutti pendurou o maiô no alto de sua carreira, deixando o caminho livre para Maria Elisa Guimarães e Rosamaria Prado reinarem absolutas na natação feminina brasileira. Ah, sabe aquele garotinho que eu falei num parágrafo anterior? Pois é: ele saiu da arquibancada para começar uma das mais vitoriosas carreiras da natação brasileira. Ricardinho, o irmão da Rosamaria, começava a se tornar o grande Ricardo Prado, vencendo, aos 14 anos, os 400 metros medley, com sua então melhor marca: 4:43.53, pela Hebraica. O Pinheiros conseguiu seu segundo título.

Foi o fim de uma era. A CBD seria extinta (se tornou CBF) e nascia a CBN (Confederação Brasileira de Natação). E, a pedido dos atletas, o Troféu Brasil passaria a ser organizado em Janeiro. Ou não. Problemas de verbas do Comitê Olímpico Brasileiro quase impediram o Troféu Brasil de ser realizado. Naquele momento, uma refrescante parceria não só salvava o evento como também o consolidava. A natação brasileira nunca mais seria a mesma...

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