1962 - 1972: Os primórdios, tempo de Fiolo

 
Começava 1962. O Brasil ainda sonhava com o bi-campeonato. Pelé começava a liderar o Santos nas conquistas da América e do Mundo. JK continuava sua excelente administração de "50 anos em 5". Cuba e EUA ainda assombravam o mundo com a possibilidade de uma guerra. E, enquanto isso, a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) finalmente implantava a ideia de um Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação em Piscina Longa.
Naquele 13 de Janeiro, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, nadadores de todo o país davam início ao I Troféu Brasil de Natação, com expectativas da quebra de muitos recordes. A intenção do evento era formar a seleção brasileira para o Sul-Americano daquele ano, em Buenos Aires, junto com o Brasileiro Individual de Natação, maior torneio daquela época.
Nos dois primeiros anos, o Paulistano tinha a melhor equipe e comprovou isso com o bi-campeonato. Norio Ohata foi o primeiro grande nome da história do torneio, batendo seguidos recordes nos 1500 livre. Naquela mesma época, se destacavam o recordista mundial dos 100 livre à data, Manuel dos Santos, vencedor na primeira edição da jornada, e Athos Procópio, que em 1963, na piscina do Fluminense, batia o recorde sul-americano nos 100 costas. Eliana Mota, do Fluminense, foi uma das primeiras meninas a se destacarem, com recordes do nado livre e borboleta.
Em 1964, Norio se mudou para o Corinthians, e começava ali uma grande hegemonia do Timão das águas. No primeiro ano, no Minas, em BH, disputa intensa com o Paulistano, e título por um ponto. Em casa, no ano seguinte, não deixou dúvidas, com direito a recorde brasileiro de uma emocionada Odete Lopes. E em 1966, na mesma Porto Alegre do primeiro Troféu Brasil, o tricampeonato, com recorde sul-americano de um tal de João Reinaldo Lima, do Português. Não conhece? E se eu disser que ele também atende por Nikita??
Em 1967, começava o domínio da então Guanabara, que se estenderia por longos 10 anos. Coincidentemente, foi neste ano que surgia um promissor garoto campinense de 17 anos, apontado como a grande esperança da nossa natação: José Sylvio Fiolo (foto). Com dois recordes sul-americanos no nado peito (1:10.10 nos 100 e 2:36 nos 200), ele levou o Botafogo ao primeiro de seus cinco títulos. No ano segundo, o Flamengo conquistava o primeiro de seus 13 Troféus Brasil no Minas e Fiolo não conseguiu o que queria na sua primeira tentativa: o recorde nos 100 peito. Entretanto, um mês depois, sozinho, no Guanabara, ele logrou êxito (1:06.4) e entrou no panteão dos grandes nadadores brasileiros!
Em 1969 (primeira edição na mesma piscina do Ibirapuera desta de 2014) e 1970 (a terceira e derradeira no GNU de Porto Alegre), o Fluminense dominou as ações, com a inspiradíssima Cristiane Paquelet batendo, por exemplo, o recorde sul-americano dos 200 livre em 1970, sendo, pois, a primeira a abaixar de 2:20 (com 2:19.3). Naquele ínterim, Fiolo estava nos EUA e só voltou a disputar um Troféu Brasil em 1971, no Fluminense. Não deu outra: vitória e recorde nos 100 peito (não mais o mundial, já batido), e o título para o Botafogo.
A primeira década do certame se completou numa chuvosa jornada em Juiz de Fora. Com poucos recordes e muita chuvarada, o Botafogo mostrou hegemonia e conquistou mais uma taça.